domingo, 20 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas



Esqueça de tudo que já viu e já assistiu sobre Batman. Esqueça as tramas lineares, os personagens caricatos. Esqueça até mesmo Batman Begins. O que Christopher Nolan nos apresenta aqui não é somente uma história cheia de reviravoltas onde em cada cena nos é mostrada uma nova surpresa. Mas sim um retrato da sociedade em que estamos inseridos, na qual não é impossível imaginarmos um herói fantasiado de morcego combatendo os Coringas da vida real.

E por incrível que pareça (exceto pela parte da fantasia de morcego), isso não é exagero. Se desde que Nolan passou a comandar a franquia via-se muito mais realismo impresso na película, agora então, é possível identificarmos Rio de Janeiro, São Paulo, Recife disfarçados de Gotham City. E para tal, o diretor nos poupa brilhantemente de efeitos gráficos de computação e investe massivamente nos efeitos mecânicos, tornando as seqüências de ação muito mais palpáveis.


E não é só pela técnica que a história encontra ecos na vida real. Christopher Nolan e seu irmão Jonathan elaboram o roteiro de modo que a desenvoltura de seus personagens soam da maneira mais plausível possível. Se ao mesmo tempo que encontramos uma Rachel crédula no bem indestrutível, ou um Harvey Dent defensor da moral maior (herói que Bruce Wayne sonha em ser, e cujo arco dramático se mostrará de grande importância para o desfecho da história), encontramos um Coringa anárquico e niilista de cujas aparições na telona se mostram cada vez mais surpreendentes.


O Coringa, aliás, é um dos grandes alicerces do filme. Interpretado com alma pelo falecido Heath Ledger, o roteiro lhe confere (falta de)dignidade e (a)moral transformando a criação de Tim Burton e Jack Nicholson (no Batman de 1989) de um simples palhaço unidimensional em busca de diversão a um lunático que ao mesmo tempo que ansiamos pela sua aparição em cena, tememos-la terrivelmente. Com uma interpretação passível de prêmio, Ledger incorpora maneirismos (olhar, respiração, movimentos de língua, andar) ao personagem, que lhe imprimem um sarcasmo maquiavélico; e uma mudança de timbre da voz, que oscila de falcetes cômicos a berros raivosos, dignos de importar o Joker ao hall dos maiores vilões do cinema.





Se alguém ainda duvida do potencial de Christopher Nolan em se tornar, ao lado de Paul Thomas Anderson e Darren Aronofsky, uma das maiores promessas do cinema do século XXI, após "O Cavaleiro das Trevas" não nos resta dúvidas de que a atual obra-prima da carreira do diretor irá impulsioná-lo ao Olimpo do qual fazem parte Martin Scorcese e Clint Eastwood e já participaram Kubrick e Bergman. Pois não é qualquer um que tem a capacidade de transformar uma simples adaptção de HQ em uma trama surpreendente e bem articulada de proporções épicas.

Um comentário:

Anônimo disse...

caro vitão : sua análise do batman foi muito e interessante e embazada
continue assim