terça-feira, 11 de março de 2008

Às boas lasanhas.

Primeiro.
O Brasil é um país que acolhe muito bem qualquer tipo de cultura. Percebe-se ao andar em São Paulo. Existe uma farta variedade de restaurantes, dos alemães aos indianos. Mas o assunto não é comida, por enquanto.
O assunto é TV, e seu conteúdo.
Basta pensar um pouco e perceber que a grande maioria do nosso conteúdo televisivo é baseado em produções estrangeiras. Menciono ainda os programas que são apenas retransmitidos, como as séries americanas que passam por aqui nos canais abertos. Nada contra tal fato, se o mesmo não caminhasse para se tornar regra e ao ficar refém de tais produtos, limita-se criatividade e também oportunidades a bons profissionais.
Voltando a comida, comparo esse conteúdo comprado a uma lasanha de microondas, que tem gosto de nada, enquanto aquela lasanha feita pela avó num belo almoço de domingo torna-se cada vez mais rara.
E na tentativa de resgatar a tradição da lasanha caseira, o governo tenta impor, por meio de lei, que certa porcentagem do conteúdo exibido em canais pagos terá que ser produzido inteiramente aqui no Brasil.
Com isso mais talentos e oportunidades surgirão. É muito interessante pensar que em canais estrangeiros haverão programas nacionais, assim como já ocorreu com Mandrake e Avassaladoras, produções nacionais transmitidas respectivamente pelos canais pagos HBO e Fox. Mas é só. As grandes produtoras não querem produzir aqui, é mais fácil e rentável trazer o produto pronto. É mais lasanha de microondas. E para dar apenas um exemplo dos riscos de tal medida governamental, os preços das assinaturas da TV paga aumentarão consideravelmente. Está nas mãos dos governos fazer o certo, mas o problema é saber o que é certo.

Segundo.
A Rede Globo detêm os direitos de transmissão sobre a grande maioria dos eventos esportivos a um bom tempo. Isso todos sabem. Abre-se uma exceção à Rede Record, detentora dos direitos de transmissão das olimpíadas de Londres, em 2012. Mas fundamentalmente quem manda nessa área é a Globo. Contudo todo esse poder pode diminuir, porque nos últimos dias surgiu uma novidade no mínimo curiosa. Todo evento esportivo, que tenha representantes brasileiros, e que não for transmitido pela emissora detentora dos direitos, será transmitido pela TV “pública”, sem gasto nenhum à ultima. Isso ocorrera via lei. O que se discute é se tal fato é legal ou não. A Globo pensa que não, já o governo pensa que sim. Lógico, querem comer uma boa lasanha sem pagar.

Terceiro.
E essa TV “pública” não tem nada de pública. BBC de Londres, é pública. Lá, paga-se por tal serviço que é imparcial e possui conteúdo que responde ao agrado da maioria. Isso é TV pública, sem as aspas. Aqui não é assim. Quem nomeou os responsáveis pela TV “pública” foi o presidente da república. Os funcionários nem por concurso passaram. Fora sua programação que é incipiente e insatisfatória. Penso que isso não é publico, é estatal. É a TV estatal brasileira.
E com todos esses problemas a TV continua faturando muito, mas do que qualquer outra mídia. Com tudo isso.

Último.
Saudades das boas lasanhas.

Nenhum comentário: